terça-feira, 25 de março de 2008

INCANCELLABILE - Cap 12 Parte 1

Kevin e Justin estavam atrasados. Nem sabiam porque Kate não ligara.

Quando chegaram finalmente, Justin notou a porta aberta.

- Estranho... porque estaria aberta? Kate!

Nada. Eles entraram.

- Kate! Chegamos.

Kevin que segurava a sobremesa decidiu ir a cozinha.

- Oh, meu deus!

Largou a sobremesa sobre o balcão e ficou estático.

- O que foi... mas não precisou completar a frase. No chão coberto de cacos de vidro e respingado de sangue, Kate permanecia desacordada coberta de sangue. Justin pegou o celular e discou 911.

- Emergência.

- Por favor preciso de uma ambulância urgente na North Canon drive numero 42 o mais rápido possível. Acredito ter havido um assalto e a dona da casa esta ferida e inconsciente.

Após desligar o telefone, Justin debruçou-se sobre a amiga para checar se ela ainda respirava. Ele sabia que pela quantidade de sangue se ela não fosse socorrida logo poderia morrer.

Cinco minutos depois, os paramedicos entravam com uma maca na casa de Kate guiados por Kevin altamente tenso. Kate já estava na ambulância recebendo os primeiros cuidados quando Justin se ofereceu para ir com eles.


Porem , os paramedicos acharam melhor não porque realmente precisavam de espaço pois a situação dela não era nada boa.


- Para onde vão leva-la?


- San Sebastian.


As portas foram fechadas e a ambulância partiu rapidamente. Os dois correram para o carro a fim de estarem no hospital o mais breve possível.



San Sebastian





O plantão da noite não estava sendo nada agradável para Jack.

Aparentemente, as pessoas tinham escolhido a noite para aprontarem. Duas ambulâncias já haviam trazido duas vitimas de acidente de carro gravíssimas, uma já estava na cirurgia e outra infelizmente não resistira.


Alem disso, ele teve que operar as pressas um rapaz que levara um tiro na perna esquerda e por sorte não teve que amputa-la. Durante as 5 horas em que estava de plantao, nao tinha conseguido sentar no seu escritorio nem por cinco minutos. Da ultima vez que tentou, foi chamaso com urgencia para outra emergencia deixando o celular sobre a mesa.


Enquanto atendia mais um ferido, o celular vibrava sobre a mesa insistentemente ate cair na caixa postal.


Ele havia acabado de fazer um trabalho de ressuscitacao quando seu bip tocou novamente sinalizando outra emergência. Quase correndo dirigiu-se a porta do pronto-socorro.


Ele já podia avistar a vitima na maca puxada pelos paramedicos. Ele se pos ao lado deles ajudando a levar a maca ate uma sala de trauma.

- O que temos aqui?

- Mulher, 27 anos vitima de assalto. Ferimento na coxa direita causado por vidro, o sangramento superficial já foi estancado e ferimento a bala na altura do ombro esquerdo. Inconsciente, pulso 82, pressão 9 por 5, perdeu muito sangue.


Jack levantou o olhar para examinar o ferimento a bala e seus olhos não podiam acreditar no que ele via. Ele tocou o rosto pálido.


- Kate... oh, deus! Rápido! Eu preciso de unidades de sangue O negativo, vamos entrar em cirurgia. Bipem o Dr. Hume.


Jack rasgava a roupa dela freneticamente. Cada segundo era precioso.

- Kate você pode me ouvir? Fale comigo, it's me, Jack...de Vegas...por favor reaja!

Ele preparava-se para opera-la. Estava nervoso.

Uma enfermeira entrou na sala trazendo duas bolsas de sangue e injetou na veia de Kate.

Jack preparava-se para corta-la.

Ao chegar perto para fazer a incisão viu que sua mão tremia, o medo queria domina-lo. Ele olhou para o rosto dela procurando um sinal de permissão, algo que o tranqüilizasse, que dissesse que tudo ficaria bem.

Ele suspirou.


- 1...2....3...4...5.... fechou os olhos.


Tornou a abri-los retomando então a coragem e o equilíbrio, ele fez a incisão. Com a ajuda de um interno, ele dedicava-se a retirar a bala que ficara alojada entre o músculo e o nervo motor do braço esquerdo.

Desmond entrou na sala.

- O que temos?

- Ferimento a bala, estou tentando retira-la para estabilizar a paciente e ...

Um bip continuo soou pela sala. A enfermeira alertou:

- Pressão caindo, batimentos a 50...

- Ela esta tendo uma parada cardíaca! Código azul! Jack gritara.

Desmond correu com o carrinho do desfibrilador.

- Carregue para 200. Afastem-se!

Ele pressionou o aparelho sobre o corpo da Kate. O corpo dela não respondeu.

- 300! Afastem-se!

Novamente ele não obteve sucesso. Jack começava a desesperar-se.

- Afaste-se Des.

E começou a fazer massagem cardíaca nela.

- Por favor! Reaja! Um, dois, três... vamos, Kate!

Ele pegou o desfibrilador da mão de Desmond e carregou para 300 novamente.


- Injete 100ml de adrenalina. Afastem-se!

Ele aplicou o choque sem sucesso. Carregou de novo.

- Kate, não faz isso comigo... por favor....

E aplicou o choque.
Bip, bip, bip...


- Pressão subindo, batimentos 70 e subindo...

Jack respirava aliviado.

Ao olhar para o amigo, Desmond percebeu as lagrimas no rosto.

Jack voltou a segurar o bisturi. Já ia retornar a operação de retirada da bala quando Desmond o impediu.

- Espere Jack.

Examinou rapidamente o ferimento e fez uma cara feia.

- Precisamos retirar essa bala com muito cuidado, o modo como ela se alojou pode causar danos aos nervos motores.

- Eu sei, era o que tentava fazer...

- Você tem certeza que pode fazer isso?

- Sim.

- Ok! Então retire a bala e religue os nervos que se romperam. Enquanto isso, vou costurar a coxa dela.


Assim, Jack se concentrou na minuciosa cirurgia e Desmond examinava o ferimento da coxa. Estava feio. Os paramedicos apenas haviam limpado superficialmente mas na verdade, o ferimento era profundo e ele ainda podia perceber pedaços pequenos de vidro. Removeu-os com cuidado procurando não dispersar a atenção de Jack naquele momento. Costurou.


Voltou-se então para o amigo que já havia retirado a bala e estava agora religando os nervos.


Jack sabia que caso errasse alguma ligação teriam que fazer uma cirurgia cerebral, e isso seria a ultima coisa que ele queria.


Passadas três horas, ele finalmente conseguira fechar o local. Outra bolsa de sangue foi trocada.


Ela continuava inconsciente e muito fraca. Deveria permanecer na UTI. Desmond podia ver a fisionomia tensa do amigo.


- Ela tem parentes esperando?

- Não sei... Jack pensou "isso não importa agora, ela tem a mim."

- Vamos ver se alguém precisa de noticias. E puxou o amigo pelo braço.

Na sala de espera, Justin andava de um lado a outro nervoso. Kevin estava sentado no sofá.

- Será que da pra parar de encerrar o chão? Você esta me deixando mais tenso.

Kevin viu dois atendentes se aproximarem.

- Dr, tem noticias da Kate? Ela chegou aqui de ambulância e...

- São amigos dela ou parentes? Desmond perguntou.

- Amigos, encontramos ela nesse estado. Como ela esta?

- Foi operada, retiramos a bala mas a situação dela ainda e grave. Vocês contataram a família?

- Os pais da Kate estão fora do pais, num cruzeiro. Ela e filha única. Podemos fazer alguma coisa?

- Por hora não. Acredito que o melhor e vocês voltarem pra casa e descansar. Amanha, podem voltar e trazer roupas limpas para ela. Não posso nem garantir se ela acordara amanha. Esta ainda em observação.

Os dois se olharam pensativos. Jack estava de cabeça baixa a uma certa distancia. Justin o reconheceu.

- Jack? Hey, foi você que operou a Kate? Nossa esquecemos completamente que você trabalha no San Sebastian.

Jack não estava muito a fim de falar mas não podia deixar de cumprimentar o casal de gays que morava no mesmo prédio que ele. Alem do mais se não fossem eles talvez ela estivesse morta agora.

- Sim, eu operei. Vocês a conhecem?

- Claro! Trabalho com ela.

Somente então Jack notara que o rosto de Justin era familiar não apenas porque moravam no mesmo prédio, ele trabalhava com ela no jornal. Mundo pequeno.

- Acredito que o Dr. Hume tem razão. Vocês não tem muito o que fazer aqui nesse momento. Vocês avisaram o marido dela?

- Kate esta separada. O ex-marido esta em Nova York trabalhando.

- Nesse caso, amanha vocês poderão fazer o procedimento de entrada dela nesse hospital porque ela ainda ficara alguns dias internada. Podemos segurar ate amanha certo, Jack?

Jack não podia acreditar no que ouvia. Separada? Isso era realmente uma boa noticia no meio desse caos.

- Jack? Desmond chamava.

- Ah, sim. Com licença – disse Jack – tenho pacientes para ver.

- Tudo bem, obrigada! Vamos Kevin? E os dois deixaram o hospital.

Jack rumou para a área da UTI, não estava conseguindo segurar a emoção.

Toda essa loucura, o assalto, o reencontro, a situação de risco, a noticia da separação. Era demais para ele. Quando aproximou-se da cama onde ela estava, o simples fato de vê-la ali tão indefesa fora o suficiente para liberar as lagrimas que ate aquele instante lutava por esconder.

O choro era incontrolável.

Ele segurava firme a mão dela e apoiou a cabeça no estomago dela.

Desmond que o seguira observava de longe, ainda sem entender o porque do sofrimento do amigo. Sabia que essa era uma das características de Jack, envolver-se demais com os pacientes a ponto de varias vezes se culpar quando algo saia errado.

Ele aproximou-se da cama e colocou a mão sobre o ombro do amigo.

- Jack... acalme-se. O caso e grave ainda não sabemos como ela ira reagir nem se podem haver seqüelas. Não se culpe, brotha. Você nem a conhece.

Jack levantou o rosto, percebia-se que a superfície da roupa onde ele encostara formara uma poça d’agua por causa das lagrimas. Ele olhou serio para Desmond, os olhos inchados.

- Des, essa e a Kate.

- O que? A garota de Vegas?

- A minha Kate. Ela e real.

- Meu Deus! Jack... você não esta bem... não esta em condições de ficar aqui.

- Você não vai me tirar daqui. Eu não sairei do lado dela.

- Jack, por favor você tem que me ouvir...

- Não! Gritou.

- Você me ouve : se realmente e meu amigo e quer me ver feliz, você vai me ajudar a cura-la. Você fará tudo que estiver ao seu alcance!

- Jack você sabe que isso não depende somente de mim... depende dela também.

- Des, você não e o meu neuro-cirurgiao por nada, ela vai reagir e seu papel aqui e garantir que ela fique 100% curada entendeu?


Desmond olhou para o amigo e viu naqueles olhos algo que raramente enxergara em Jack Shepard, ele estava com medo e vulnerável.

Ali a sua frente, ele não era o grande medico, ele era apenas um homem e porque não dizer um apaixonado?

- Ok, Jack. Vou fazer tudo que puder.

Ele pegou o prontuário de Kate para examinar. Após alguns minutos, ele acabou percebendo algo.

- Jack...acho que devemos fazer uma tomografia. Precisamos saber se a cirurgia foi suficiente para que os ligamentos tenham suas funções motoras corretas. Sei que ela esta muito fraca mas quanto antes soubermos melhor. O fato dela não acordar também me preocupa.

- Você não acha arriscado? Esta tao fraca. Jack olhou pra ela com um olhar triste.

- Arriscado sim mas as conseqüências podem ser piores.

Ele suspirou e passou a mao pela cabeca.

- Você esta certo, me da um tempo pra eu prepara-la.

- Deixe a enfermeira fazer isso, ou um interno...

- Não. Desmond resolveu não insistir e saiu da sala.

Sozinho com Kate, Jack aproveitou para admira-la.

Mesmo com todo o sofrimento, o semblante pálido, ela ainda era a mulher mais linda que ele conhecia. Acariciou o rosto com a mão e beijou-a suavemente na testa. Verificou o soro e os sinais vitais monitorando pressão e batimentos cardíacos.

Apesar de fraca, ela respirava sem a ajuda de aparelhos. Após checar cada detalhe pelo menos umas três vezes, resolveu chamar um interno para acompanha-lo ate a sala de exames.

Antes de se separar dela sussurrou: - Por favor, seja forte Kate. Eu estarei aqui como prometi.

Através do telefone, acionou o interno e em menos de cinco minutos saiu da sala com ela.


Tomografia


Jack estava apreensivo ao lado de Desmond esperando as imagens aparecerem no monitor.

Assim que receberam a primeira fotografia do cérebro, os dois se debruçaram sobre a mesa a procura de qualquer indicio de problema. Outras imagens foram sendo adicionadas e o que Desmond previa acabou por se confirmar.

- Jack, você esta vendo essa área aqui? Se compararmos com a tomografia de uma pessoa normal podemos ver uma pequena massa, um aneurisma. Você sabe o q isso significa, certo?

Jack se deixou arriar na cadeira. Sim, sabia.

- Você terá que opera-la.

- Essa massa deve ter aparecido em função da queda que ela tenha levado quando recebeu o tiro. Também e uma oportunidade de verificar os nervos motores.

- Quanto tempo temos ainda?

- Não muito.

- Mas ela esta fraca...

- Teremos que induzir o coma, Jack. Caso contrario, ela pode não resistir.

Uma lagrima rolou pelo rosto de Jack.

Sensibilizado, Desmond apoiou o amigo.

- Não decida agora. amanha tomamos a decisão juntos.

- Obrigado.

- Vamos leva-la para um quarto.


Desmond deu a ordem ao interno. Jack levantou-se devagar da cadeira e acompanhou os dois.

Quando estava já no quarto, após coloca-la diretamente na cama, o interno saiu deixando Desmond e Jack sozinhos.

Sentindo que o amigo precisava de um tempo sozinho com a paciente, ele apenas deu tapinha nas costas dele e retirou-se.

Jack puxou a cadeira para perto da cama de Kate afim de segurar a sua mão enquanto lhe fazia companhia.

Tinha uma decisão muito seria e importante a tomar. Se concordasse com a cirurgia, exporia Kate a varias horas de procedimento em uma situação de coma induzido já que por estar muito fraca, o organismo dela não suportaria horas a fio de uma cirurgia no sistema nervoso. Afinal, já passara por uma cirurgia bem complicada para a retirada da bala e não a colocar no estagio de coma poderia agravar o quadro com possibilidade de parada cardíaca e respiratória. Tudo o que Jack queria evitar nesse momento.

O não aceite da cirurgia poderia agravar a massa cefálica já existente no cérebro e comprometer outras funções do cérebro e o risco de coma real ou morte.

Estava entre a cruz e a espada.

- Ah, Kate... como queria que esse momento fosse diferente. Porque tudo tem que ser tão complicado? Eu não quero perder você. Me ajude, me diga que você ira lutar. Eu preciso que lute, Kate. Por você, por mim, por nos.

Ele beijou a mão dela e ficou a velar seu sono. Cansado, acabou adormecendo ainda segurando a mão de Kate.


CONTINUA...

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