Capitulo 11
Durante as duas semanas seguintes, Jack e Kate falaram pelo telefone todas as noites, às vezes durante horas. Jack também enviou duas cartas - bilhetes curtos, na verdade - para lhe dizer que sentia a falta dela, e na semana seguinte enviou-lhe mais flores, dessa vez uma dúzia de flores do campo e margaridas acompanhadas de uma caixa de chocolates.
Durante as duas semanas seguintes, Jack e Kate falaram pelo telefone todas as noites, às vezes durante horas. Jack também enviou duas cartas - bilhetes curtos, na verdade - para lhe dizer que sentia a falta dela, e na semana seguinte enviou-lhe mais flores, dessa vez uma dúzia de flores do campo e margaridas acompanhadas de uma caixa de chocolates.
Kate queria retribuir os mimos, por isso mandou uma camisa azul clara que ela pensou ficar bem com os jeans dele, juntamente com dois postais dizendo o quanto queria estar com ele.
Kevin chegou em casa alguns dias mais tarde, e isso fez com que a semana seguinte passasse muito mais depressa para Kate do que para Jack.
Na sua primeira noite em casa, Kevin jantou com Kate, contando-lhe animadamente as suas férias, antes de cair num sono profundo que durou quase quinze horas. Quando acordou, havia já uma longa lista de coisas que precisavam de ser feitas. Roupa nova para a escola, uma mala cheia de roupas sujas, queria revelar as fotos que acabou por ocupar quase um sábado inteiro.
Em outras palavras, a vida voltava ao normal na casa dos Austen.
Na segunda noite após Kevin ter chegado, Kate contou-lhe as suas férias em Cape Cod, depois a sua viagem a Wilmington. Falou em Jack, tentando transmitir-lhe o que sentia por ele sem o alarmar. A princípio, quando ela explicou que iam visita-lo no fim de semana seguinte, Kevin não pareceu muito entusiasmado. Mas depois de contar qual era o trabalho de Jack, Kevin começou a mostrar algum interesse.
- Quer dizer que ele pode me ensinar a mergulhar? - perguntou ele enquanto ela aspirava a casa.
- Ele disse que ensinava, se quisesses.
- Legal - disse ele, voltando ao que estava fazendo antes. Algumas noites depois ela levou-o a uma loja para comprar umas revistas sobre mergulho. Antes de partir, Kevin já sabia o nome de cada peça de equipamento que era possível usar, obviamente sonhando com a aventura que se aproximava.
Kate, apesar de toda a loucura do dia a dia, estava muito ansiosa por rever Jack. Sentia saudades de tudo, do sorriso, do semblante calmo, do corpo bronzeado e dos beijos...sim! Torcia para que os dias voassem.
Jack, entretanto, mergulhava no trabalho. Trabalhava até tarde, pensando em Kate enquanto o fazia, agindo de maneira muito semelhante ao que tinha feito depois de Sarah morrer. Quando disse ao pai que sentia muito a falta de Kate, este apenas acenou com a cabeça e sorriu. Algo no olhar avaliador do pai fez Jack interrogar-se sobre o que estaria exatamente passando pela cabeça do velho.
Bem antes, Kate e Jack tinham decidido que seria melhor que ela e Kevin não ficassem na casa de Jack, mas no verão, quase todos os quartos na cidade estavam ocupados. Felizmente Jack conhecia o dono de um pequeno motel que ficava na praia cerca de dois quilómetros da sua casa e conseguiu arranjar quartos.
Kate, apesar de toda a loucura do dia a dia, estava muito ansiosa por rever Jack. Sentia saudades de tudo, do sorriso, do semblante calmo, do corpo bronzeado e dos beijos...sim! Torcia para que os dias voassem.
Jack, entretanto, mergulhava no trabalho. Trabalhava até tarde, pensando em Kate enquanto o fazia, agindo de maneira muito semelhante ao que tinha feito depois de Sarah morrer. Quando disse ao pai que sentia muito a falta de Kate, este apenas acenou com a cabeça e sorriu. Algo no olhar avaliador do pai fez Jack interrogar-se sobre o que estaria exatamente passando pela cabeça do velho.
Bem antes, Kate e Jack tinham decidido que seria melhor que ela e Kevin não ficassem na casa de Jack, mas no verão, quase todos os quartos na cidade estavam ocupados. Felizmente Jack conhecia o dono de um pequeno motel que ficava na praia cerca de dois quilómetros da sua casa e conseguiu arranjar quartos.
Quando finalmente chegou o dia de Kate e Kevin partirem, Jack foi comprar comida, lavou o carro por dentro e por fora, e tomou um banho de chuveiro antes de ir para o aeroporto.
Vestido de calças caqui, moccasins, e a camisa que Kate lhe comprara, ele esperava nervosamente junto ao portão.
Nas últimas duas semanas os seus sentimentos por Kate tinham aumentado. Sabia agora que o que quer que tinha acontecido entre ele e Kate não se baseava apenas na atração física - a sua saudade apontava para algo de mais profundo e duradouro. Enquanto esticava o pescoço para ver se a vislumbrava entre a multidão, sentiu uma pontada de ansiedade. Há tanto tempo que não se sentia daquela maneira em relação a uma pessoa - e onde iria parar tudo isto?
Quando Kate saiu do avião com Kevin ao lado, todo o seu nervosismo se dissipou subitamente.
Ela estava bela, mais bela do que ele se lembrava. E Kevin era muito parecido com a mãe tal qual vira na sua foto. Tinha pouco mais de um metro e meio, os cabelos e os olhos verdes de Kate, e era magricela, tanto os braços como as pernas pareciam ter crescido um pouco mais depressa que o resto do corpo. Vestia umas bermudas compridas, tenis Nike, e uma camisa de um concerto dos Hootie and the Blowfish. A sua escolha de vestuário era claramente inspirada na MTV, e Jack não conteve um sorriso. Chicago, Wilmington... na verdade não havia qualquer diferença, não? Adolescentes.
Kate acenou quando o viu, e Jack foi ate eles, pegando suas malas de viagem. Não sabendo se devia beijá-la à frente de Kevin, ele hesitou, até Kate se inclinar beijando-o alegremente na face.
- Jack, quero apresentar o meu filho, Kevin - disse ela orgulhosa.
- Olá, Kevin.
- Olá, Sr. Shepard - disse ele formalmente, como se Jack fosse seu professor.
- Podes me chamar de Jack - disse ele, estendendo a mão. Kevin apertou-a, um pouco inseguro.
Até àquele momento, nenhum adulto a não ser Ana lhe pedira para o tratar pelo primeiro nome.
- Como foi a viagem? - perguntou Jack.
- Foi boa - respondeu Kate.
- Já comeram alguma coisa?
- Ainda não.
- Bem, que tal ir comer qualquer coisa antes de os levar para o motel?
- Parece boa ideia.
- Queres alguma coisa em especial? - Jack perguntou a Kevin.
- Eu gosto do McDonald's.
- Oh, querido, não - disse Kate depressa, mas Jack deteve-a com um movimento da cabeça.
- O McDonald's é uma ótima ideia.
- Tens certeza? - perguntou Kate.
- Absoluta. Eu como lá sempre.
Kevin parecia encantado com esta resposta, e os três começaram a dirigir-se para a área de bagagens. Quando deixaram os portões, Jack perguntou:
- És bom nadador, Kevin?
- Bastante bom.
- Estás preparado para umas lições de mergulho este fim de semana?
- Acho que sim. Tenho lido sobre o assunto - disse ele, tentando soar mais velho do que era.
- Muito bem. Esperava que dissesses isso. Se tivermos sorte, até pode ser que consigas o certificado antes de voltares para casa.
- O que é isso?
- É uma licença que te permite mergulhar quando quiseres é mais ou menos como uma carta de motorista.
- Consegue-se isso em tão poucos dias?
- Claro. Tens de fazer um teste escrito e passar algumas horas na água com um instrutor. Mas uma vez que vais ser o meu único aluno este fim-de-semana - a não ser que a tua mãe queira aprender também - teremos tempo suficiente.
- Legal - disse Kevin. Voltou-se para Kate. - Também vais aprender, mãe?
- Não sei. Talvez.
- Acho que devias - disse Kevin. - Ia ser divertido.
- Ele tem razão, devias aprender também - Jack acrescentou com um sorriso afetado, sabendo que ela iria sentir-se pressionada pelos dois e provavelmente acabaria por ceder.
- Está bem - disse ela, girando os olhos. - Também vou. Mas se vir algum tubarão, desisto logo.
- Quer dizer que pode haver tubarões? - perguntou Kevin depressa.
- Sim, provavelmente veremos alguns tubarões. Mas são pequeninos e não incomodam as pessoas.
- Pequeninos como? - perguntou Kate, lembrando-se da história que ele contara sobre o tubarão martelo que encontrara.
- Suficientemente pequenos para que não tenhas nada com que te preocupares.
- Tens certeza?
- Humhum.
- Cool - repetiu Kevin para consigo mesmo, e Kate lançou um olhar a Jack, perguntando a si mesma se ele estava dizendo a verdade.
Depois de comer qualquer coisa, Jack levou Kate e Kevin para o motel. Enquanto eles acabavam de arrumar as suas coisas lá dentro, Jack foi ao carro e voltou com um livro e alguns papéis debaixo do braço.
Depois de comer qualquer coisa, Jack levou Kate e Kevin para o motel. Enquanto eles acabavam de arrumar as suas coisas lá dentro, Jack foi ao carro e voltou com um livro e alguns papéis debaixo do braço.
- Kevin - isto é para ti.
- O que é?
- É o livro e os testes que precisas ler para o teu certificado. Não te preocupes, parece mais do que é na realidade. Mas se quiseres começar amanhã, tens de ler, pelo menos, as duas primeiras seções e completar o primeiro teste.
- É difícil?
- Não - é bastante fácil, mas mesmo assim tens que fazer. E podes usar o livro para encontrar as respostas para as perguntas mais difíceis.
- Quer dizer que posso ver as respostas enquanto estou fazendo o teste?
Jack acenou com a cabeça.
- Sim. Quando entrego estes testes aos meus alunos, é para eles fazerem em casa e tenho certeza de que quase todos usam o livro. O importante é tentares aprender aquilo que precisas saber. O mergulho é muito divertido, mas pode ser perigoso se não souberes o que estás fazendo.
Jack entregou o livro a Kevin e continuou.
- Se conseguires acabar até amanhã - são cerca de vinte páginas para ler, mais o teste - podemos ir até à piscina para a primeira parte do curso. Aí aprendes a pôr o equipamento e depois praticamos durante um bocado.
- Não vamos para o mar?
- Amanhã não - primeiro tens de passar algum tempo na piscina para te habituares ao equipamento. Depois de fazer isso durante algumas horas, então estarás pronto. Iremos para o mar provavelmente na segunda e na terça-feira para os teus primeiros mergulhos. E se conseguires fazer as horas suficientes debaixo de água, terás um certificado provisório quando voltar para casa. Depois, tudo o que precisas fazer é enviar um formulário pelo correio, e receberás o certificado verdadeiro também pelo correio dentro de duas semanas.
Kevin começou a folhear o livro.
- A mãe também tem que fazer?
- Se ela quiser ter um certificado, também.
Kate aproximou-se, espreitando por cima do ombro de Kevin enquanto ele folheava o livro. O conteúdo não parecia muito assustador.
- Kevin - disse ela -, podemos fazer juntos amanhã de manhã, se estiveres muito cansado para começar agora.
- Não estou muito cansado - disse ele rapidamente.
- Então importas-te que eu e Jack conversemos um pouco na varanda?
- Não, podem ir - disse ele distraidamente, virando já a primeira página.
Uma vez lá fora, Jack e Kate sentaram-se à frente um do outro. Olhando para trás para o filho, Kate viu que Kevin estava lendo.
- Não estás facilitando as coisas para lhe arranjar um certificado,não?
Jack abanou a cabeça.
- Não, de maneira nenhuma. Para se conseguir um certificado PADI - o certificado para mergulhadores de recreio - precisas passar nos testes e de um certo período de tempo na água com um instrutor, é tudo. Normalmente alargamos o curso ao longo de três ou quatro fins-de-semana, mas isso é porque a maioria das pessoas não têm tempo para fazê-lo durante a semana. Ele vai ter o mesmo número de horas, só que é mais condensado.
- Agradeço por estares fazendo isto por ele.
- Ei, esqueceu que isto é a minha vida? - Depois de se certificar de que Kevin ainda lia, ele puxou rapidamente a sua cadeira um pouco para mais perto dela.
- Senti muito a tua falta nestas duas semanas - disse ele baixinho, tomando a mão dela na sua.
- Também senti a tua falta.
- Estás maravilhosa - acrescentou ele. - De longe a mulher mais bonita que saiu daquele avião.
Sem querer, Kate corou.
- Obrigada... Tu também estás bonito, especialmente com essa camisa.
- Pensei que ias gostar.
- Estás desapontado por não ficarmos em tua casa?
- Não muito. Compreendo as tuas razões. Kevin ainda não me conhece, e prefiro que ele se vá habituando a mim à maneira dele em vez de forçar as coisas. Como disseste, ele já passou por problemas suficientes.
- Sabes que isso significa que não poderemos passar muito tempo juntos este fim de semana, não sabes?
- Eu aceito mesmo assim - disse ele. Kate olhou para dentro de novo, e quando viu que Kevin estava absorto no livro inclinou-se para a frente e beijou Jack. Apesar de saber que não iria poder estar com ele toda noite, ela sentia-se surpreendentemente feliz. Estar sentada ao lado dele vendo a maneira como ele olhava para ela aumentou de súbito a batida do seu coração.
- Quem me dera que não vivêssemos tão longe um do outro - disse ela. - Tu és como uma droga, vicia.
- Aceito isso como um elogio.
Três horas mais tarde, muito depois de Kevin ter adormecido, Kate acompanhou silenciosamente Jack até à porta. Depois de saírem para o corredor e fecharem a porta atrás deles, beijaram-se durante muito tempo, cada um achando difícil largar o outro. Nos braços dele, Kate sentia-se de novo uma adolescente, como se um segundo perdido fosse o fim do mundo e isso de certa maneira aumentava a excitação que sentia.
- Gostaria tanto que pudesses ficar aqui hoje - murmurou ela.
- Também eu.
- É assim tão difícil para ti dizer boa noite como é para mim?
- Aposto em como é muito mais difícil para mim. Eu vou voltar para uma casa vazia.
- Não digas isso. Vou me sentir culpada.
- Talvez seja bom um pouco de culpa. Assim sei que gostas de mim.
- Não estaria aqui se não gostasse. - Beijaram-se de novo sofregamente.
Afastando-se, ele murmurou:
- Tenho mesmo de ir. - Não parecia muito convencido.
- Eu sei.
- Mas não quero - disse ele com um sorriso maroto.
- Sei o que queres dizer - disse ela. - Mas tens de ir. Tens de nos ensinar a mergulhar amanhã.
- Preferia ensinar-te outras coisas que eu sei.
- Acho que já fizeste isso da última vez que estive aqui - disse ela timidamente.
- Eu sei. Mas tem de se praticar para atingir a perfeição.
- Então temos de arranjar algum tempo para praticar enquanto estiver aqui.
- Achas que isso será possível?
- Eu acho - disse ela honestamente -, que quando se trata de nós dois, tudo é possível.
- Espero que tenhas razão.
- Tenho - disse ela antes de o beijar uma última vez. - Normalmente tenho razão. - Ela afastou-se dele lentamente e recuou em direção à porta.
- É isso que eu gosto em ti, Kate, a tua confiança. Sabes sempre o que fazer e dizer.
- Vai para casa, Jack - disse ela com um ar de fingido de vergonha. - E faz um favor?
- Qualquer coisa.
- Sonha comigo, está bem?
CONTINUA...
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