sábado, 24 de maio de 2008

INCANCELLABILE - Cap 29 Parte 1

Ela se levantou calmamente ate ao banco procurando nao olhar para Sawyer.


Ele porem, a seguia por todo o caminho. Apos sentar-se, viu que ele a encarava. Nos olhos dele ela percebeu a mesma frieza do ultimo encontro.

- Srta. Austen, podia nos contar o que aconteceu naquele sabado?

- Eu estava em casa preparando um jantar para um casal de amigos quando fui surpreendida por um homem corpulento e mascarado. Estava fazendo uma ligacao.

- O que o ladrao pretendia?

- Na verdade, ele nao era ladrao. Nao se interessou por nada e nem levou nada. Pensei que iria me machucar.

- Voce reagiu?

- Sim, ele tentou brigar comigo e quando disparou a arma sobre mim, me defendi como pude. Lembro de arremessar um pote de vidro sobre ele.

- Certo, vidro que provavelmente originou o corte na sua coxa...

- Sim.

- E depois?

- Depois so me lembro de ter sentido muita dor e batido a cabeca.

- A quanto tempo voce estava separada do entao James Ford?

- Pouco tempo, 2 meses acho.Mas ele ja havia assinado o divorcio.

- Suspeitou de algo assim,que ele planejava mata-la enquanto estavam juntos?

- Protesto, o advogado esta tentado induzir a testemunha.

- Negado. Prossiga.

- Nao,descobrir a armacao de James foi um choque para mim.

- E quanto ao roubo?

- Tambem nao, ele trabalhava no banco onde eu tinha dinheiro e investimentos. E sempre joguei aberto com ele,confiava nele.

- Sem mais perguntas.

O advogado de defesa se aproxima.

- Srta. Austen, tenho aqui nas minhas maos varios documentos com a sua assinatura passados para meu cliente. Voce poderia validar os mesmos?

Estendeu os documentos que Kate reconheceu como procuracoes e outros documentos para transacoes bancarias.

- Sim, sao meus.

- Senhoras e senhores, temos aqui documentos assinados por esta testemunha dando autorizacao ao meu cliente para cuidar das contas dela. Inclusive senhas. Me diga, a senhora nao sabe que nao devemos compartilhar nossas senhas com outros?

- Sei, sao pessoais.

- E se sabe, porque meu cliente as possuia? Porque apos dar a informacao por documento, voce o acusa de roubo?

- Eu dei as senhas para ele, porque alem de trabalhar no banco ainda era meu marido! O senhor acha que eu daria minha senha pra qualquer um? Eu confiava nele para cuidar dos meus bens. E nao estou acusando de roubo, ele roubou de fato meu dinheiro!

As pessoas no salao comecaram a apoia-la. O advogado percebeu que nao adiantava insistir nesse ponto.

- Ordem! Prossiga.

- Ha pouco a senhorita mencionou que ao ser agredida na sua casa fazia uma ligacao, podemos saber para quem?

- Protesto! A ligacao e prova da investigacao e ja foi devidamente anexada ao processo.

- Negado, quero ver qual o ponto.

- Eu estava ligando para um amigo.

- E esse amigo tem nome?

Kate suspirou, odiava ter que meter Jack nisso. Ao passar a mao pelo cabelo, o anel chamou a atencao de Sawyer. Ela procurou o olhar de Jack como conforto. Se olharam por um instante.

- Jack.

- Ah, apenas confirme uma coisa...esse Jack e o mesmo medico que a atendeu no hospital? Dr. Jack Shepard?

- Sim.

- Estranho nao? A vitima fazia uma ligacao ao medico que a salvaria mais tarde juntamente com a outra testemunha Dr. Hume que alias e amigo pessoal de Jack.

- Protesto! O colega esta induzindo o juri em algo sem fundamento.

- Aceito, o advogado pode dizer onde quer chegar?

- Sim, meritissimo. Eu acredito que este caso foi forjado pela vitima e seus comparsas.

Jack fechou a cara e respirou fundo. Sua vontade era levantar-se da cadeira e socar aquele advogado de merda que estava chamando sua amada de mentirosa. Tinha que se controlar. Ele olhou para Sawyer que deu um risinho cinico, Jack baixou a cabeca paa se controlar.

- E senhores e senhoras do juri, diria que muito bem elaborado visto que a vitima conseguiu convencer a ,segundo ela, parceira do meu cliente a se entregar para a policia. Ela e perigosa e...

Kate sentiu as lagrimas arderem nos olhos, a raiva a dominava, ela gritou:

- E mentira! Esse homem me enganou! Deixe Jack fora disso...

- Srta. Austen por acaso esse anel no seu dedo e um compromisso de noivado?

Kate assustou-se com a pergunta.

- Protesto! Irrelevante.

- Aceito. Faca perguntas pertinentes ao caso.

- Meritissimo, eu gostaria de responder a pergunta.

- Tem certeza?

- Sim. Ele apenas fez sinal para ela continuar. Kate respirou fundo lutando contra a lagrima que temava por cair.

- Sim, o anel no meu dedo e de compromisso. E sim, com Jack. Porem naquela noite quando liguei para ele fazia anos que nao nos falavamos. Se tem um culpado nessa historia toda e aquele homem e se nao fosse o FBI ele estaria enganando mais uma mulher porque e isso que ele sabe fazer. Eu nunca vou esquecer o olhar frio que ele me deu quando disse que fez o que fez, que eu fui um objeto.Nao tente fazer dele algo que ele nao e.

Sawyer a fuzilava com o olhar. O advogado nao tinha mais argumentos e retornou ao seu lugar.

O juiz a dispensou e sugeriu um recesso de uma hora e quando retornassem fariam o encerramento do caso.

Kate tremia ao deixar o tribunal.


Conduzida por Kevin a uma pequena sala, ela deixou-se cair na cadeira. Estava exausta. Jack aproximou-se e deu a ela um copo d'agua que ela mal conseguia segurar.

Ele ajoelhou-se junto a ela e segurou a sua mao.

- Voce foi fantastica.

- Ah,Jack eu estava com tanto medo, ele me olhava tao...tao...estranho.

- Shhh, calma. Vai acabar logo. Ele a abracou.

- Nao quero que nada de mal aconteca com a gente.

- Nao se preocupe, nao vai.

Kevin retornou a sala e avisou que precisavam voltar.

As pessoas aguardavam ansiosas o retorno dos advogados. Ao que tudo indicava, o encerramento desse julgamento parecia ser muito bom.A plateia ja tinha seu veredito, cabia aos jurados analisarem tudo que foi apresentado e certamente chegariam a mesma conclusao.

Kate estava mais calma mas nao largava a mao de Jack. Sawyer por outro lado, estava tenso. O juiz ja estava a postos.

- O advogado de defesa queira se aproximar para fazer o encerramento.

O advogado de defesa se colocou em frente aos jurados.

- Caros membros do juri, Meritissimo e demais presentes. O que vimos e ouvimos hoje nesse tribunal, sera agora analisados por voces. Gostaria de pedir um favor, encarrem a vitima do caso como se fosse uma pessoa comum nao a jornalista famosa. Eu tenho varias perguntas na minha mente,ainda nao consegui montar o quebra-cabeca exposto aqui. A pergunta principal que ecoa nos meus ouvidos e seria Kate Austen realmente vitima?

Kate olhou para Jack.Respirou fundo. Ele acariciou a palma da mao dela.

- Sim, caros jurados. Voces presenciaram a vitima nesse banco onde ela declarou ter sido enganada. Mas, ela ja conhecia o suposto medico que a salvou na verdade tentava contacta-lo na mesma noite do ataque. No minimo estranho,nao acham? O meu cliente conhecia as senhas e os investimentos de Kate porque ela mesma deu a ele e agora o acusa de rouba-la.E o que dizer da suposta cumplice do reu? Ela se compadeceu pelo que aparentemente ajudou a executar,resolveu entregar-se por causa da Srta. Austen. Comovente,nao? Vejam que surpresa a Srta. Austen nos apresentou hoje dizendo que esta noiva do medico que a salvou.


O advogado fitou os jurados.

- Diante desses fatos, somente posso acrescentar o fato da vitima em questao ser uma pessoa influente e famosa. Julgem com sabedoria, seria meu cliente realmente culpado? Estaria a Srta. Austen livre de qualquer suspeita sem qualquer duvida? Obrigado.

Caminhou ate a mesa e sentou-se ao lado de Sawyer. Ao dirigir o olhar, Sawyer sorriu. Parecia mais calmo apos as colocacoes do seu defensor.

Kevin se levantou rumo ao juri.

- Senhores e senhoras membros do juri, Meritissimo e espectadores.Quero aproveitar esse momento para falar de um sentimento muito importante na vida de qualquer pessoa. Confianca. Apesar de sabermos que o amor e o maior de todos os sentimentos, o mesmo nao co-existe sem confianca. Kate Austen, minha cliente, acredita e confia nas pessoas.Ao conhecer o reu, ela se apaixonou e aceitou construir uma vida ao seu lado. Confiava e amava Sawyer, mesmo tendo o conhecido como James Ford. Para ela, era seu marido, trabalhador, bonito, otima companhia. Quem olhasse os dois juntos poderia prever tal fatalidade na vida deles? Kate confiava em James, e porque nao iria,afinal era seu marido,seu confidente correto? O drama vivido por ela que quase a tirou a vida foi dificilimo de suportar. Imaginem-se agora no lugar dela, acordando apos dias de um coma em um hospital e descobrindo que tudo que tinha lhe foi tirado.Terrivel nao? Entao, como voces acham que ela se sentiu ao saber que seu ex-marido era o principal suspeito?

Ele fez uma pausa para mexer com o publico e o juri. Voltou a olhar para eles.

- Realmente complicado imaginar,nao? Isso e uma apunhalada pelas costas. Como voces se sentiriam ao descobrir que durante quatro anos seu casamento nao passou de um plano orquestrado com maestria, eu diria, para leva-la a morte e torna-lo milionario? Confianca...amor...cumplicidade...sentimentos que se fundem e se completam trocados por outros tao vis como odio,raiva e ganancia. Como isso os faz sentir? Pensem nisso.

Kevin tornou a sentar.

O juiz dirigiu-se ao presidente do juri.

- Todos os fatos relevantes foram ouvidos aqui, cabe agora aos membros do juri analisar e chegar ao veredito. Esse tribunal entrara em recesso por duas horas podendo estender-se se for necessario para que os jurados cheguem a uma conclusao. Dispensados.

O som do martelo ecoou pelo tribunal.

Jack levantou-se e apertou a mao de Kevin.

- Obrigado.

- Que isso, e o meu trabalho. Ainda temos 2 horas pra encerrar essa historia de uma vez por todas.Sugiro voces comerem algo antes de voltar pra ca.Posso comprar algo pra voces porque sem jeito de sair daqui com toda a imprensa la fora.

- Eu agradeceria Kevin, eu e Kate vamos voltar a mesma sala de antes.

- Ok, volto logo.

Jack olhou pra Kate. Ela estava quieta. Ele entao a conduziu ate a sala. Nao iria pressiona-la nesse momento.

Ao chegarem na sala, Kate desabou na cadeira e chorou. Jack a abracou e colocou a cabeca dela apoiada no seu ombro. Nada disse. Ela passou so bracos pelo pescoco dele.Sussurou.

- Me abraca,Jack...

E ele o fez. Devagar, Kate ia acalmando ate finalmente parar de chorar. Livrando-se do abraco dele, ela segurou as maos deles nas suas e o fitou. Sorriu pela primeira vez.

- Desculpe...

- Pelo que?

- Por nao ser forte o bastante, por me deixar abater por causa daquele...

- Hey...voce tem esse direito.Sei o quanto e dificil pra voce.

- Como aquele homem pode sugerir que eu armei isso?

- Ele nao tinha mais argumentos,Bela...nao se preocupe.

Ela beijou o homem a sua frente.

- I'm so glad you're here...

- Me too...e beijou-a novamente.

Kevin retornou com lanches para eles que comeram em silencio.


CONTINUA...

Nenhum comentário: