segunda-feira, 26 de maio de 2008

As Palavras que Nunca Te Direi - Cap 17

Capitulo 17


O resto das férias passou depressa.


De manhã Kate ia trabalhar durante algumas horas, depois vinha para casa e passava as tardes e as noites com Jack. à tardinha ou mandavam vir qualquer coisa ou iam a um dos muitos pequenos restaurantes perto do apartamento dela. às vezes alugavam um filme para ver mais tarde, mas normalmente preferiam passar o tempo sem outras distrações.

Na sexta-feira à noite Kevin telefonou. Excitado, explicou que tinha entrado para a equipe principal. Kate estava feliz por ele, embora isso significasse que teria de ir jogar mais vezes fora de Chicago e que teriam de viajar quase todos os fins-de-semana. Depois, surpreendendo-a, Kevin pediu para falar com Jack. Jack ouviu-o relatar o que tinha acontecido naquela semana e lhe deu os parabens. Depois de desligar, Kate abriu uma garrafa de vinho e os dois celebraram a boa sorte de Kevin até às primeiras horas da madrugada.

No domingo de manhã - no dia em que ele ia embora - tomaram um brunch com Penny e Desmond. Jack percebeu imediatamente o que Kate adorava em Penny. Ela era não só encantadora como divertida, e Jack deu por si a rir durante toda a refeição. Penny fez-lhe perguntas sobre mergulho e vela, enquanto Desmond especulava dizendo que se ele tivesse o seu próprio negócio, nunca iria conseguir fazer nada, porque o golfe iria dominar completamente a sua vida.

Kate ficou contente por eles aparentemente se darem tão bem. Desculpando-se depois de terem comido, Penny e Kate dirigiram-se para o toilette para tagarelar.

- Então, o que é que achas? - perguntou Kate, expectante.

- Ele é fantástico - admitiu Penny. - Ainda é mais bonito que nas fotos.

- Eu sei. O meu coração dá um salto sempre que olho para ele.

- A tua semana correu tão bem como tinhas esperado?

- Até melhor.

Penny sorria radiante.

- Pela maneira como ele te olha sei que gosta mesmo de ti. A maneira como vocês se comportam juntos lembra-me Desmond e eu. Formam um belo casal.

- Achas mesmo que sim?

- Não o diria se não achasse.

Penny retocava o baton.Kate fez o mesmo.

- Então, o que é que ele achou de Chicago? - disse ela de improviso.

- Não é aquilo a que ele está acostumado, mas parece que gostou. Fomos a muitos lugares divertidos.

- Ele disse alguma coisa em particular?

- Não... porquê? - Ela olhou para Penny com curiosidade.

- Porque - Penny respondeu calmamente - estava pensando se ele não teria dito nada que pudesse fazer-te pensar que ele se mudaria para cá se tu lhe pedisses.

O comentário dela fez Kate pensar em algo que estivera evitando.

- Ainda não falamos nisso - disse ela por fim.

- Planejam fazê-lo?

- A distância entre nós é um problema, mas existe ainda uma outra coisa, não existe? - ouviu uma voz dentro dela sussurrar.

Não querendo pensar no assunto, ela abanou a cabeça.

- Não penso que seja a hora certa, pelo menos por enquanto. - Ela fez uma pausa, concentrando-se. - Quer dizer, sei que teremos de falar nisso mais cedo ou mais tarde, mas acho que ainda não nos conhecemos há tempo suficiente para começar a tomar decisões sobre o futuro. Ainda estamos nos conhecendo.

Penny olhou-a com desconfiança maternal.

- Mas já o conheces há tempo suficiente para estares apaixonada por ele, não conheces?

- Sim - admitiu Kate.

- Então sabes que essa decisão vai ter de ser tomada, quer tu queiras encarar isso ou não?

Ela levou um momento para responder.

- Eu sei.

Penny pôs a mão no ombro de Kate.

- E se no fim tiveres de escolher entre perdê-lo ou deixar Chicago?

Kate meditou sobre a pergunta e as suas implicações.

- Não tenho certeza - disse ela baixinho, e olhou para Penny, insegura.

- Posso dar um conselho? - perguntou Penny. Kate acenou que sim com a cabeça. Penny conduziu-a para fora e inclinando-se na direção do ouvido de Kate para que mais ninguém as pudesse ouvir.

- Seja o que for que decidas fazer, lembra-te de que tens de ser capaz de seguir em frente na vida sem olhar para trás. Se tens certeza de que Jack te poderá dar o tipo de amor que precisas e que serás feliz, então tens de fazer tudo o que for necessário para ficares com ele. O amor verdadeiro é raro, e é a única coisa que dá à vida um verdadeiro sentido.

- Mas o mesmo não se aplica a ele? Não deveria ele estar disposto a fazer sacrifícios também?

- Claro.

- Então onde é que isso me deixa?

- No mesmo problema de antes, Kate algo que terás defnitivamente que pensar.



Durante os dois meses seguintes, a relação de longa distância começou a evoluir de uma maneira que nem Kate ou Jack esperavam, embora ambos devessem tê-la previsto.

Adaptando-se aos horários de cada um, conseguiram estar juntos mais três vezes, sempre nos fins-de-semana. Numa das vezes, Kate foi de avião para Wilmington para que eles pudessem ficar sozinhos, e passaram o tempo escondidos na casa de Jack. Jack foi a Chicago duas vezes, passando a maior parte do seu tempo na estrada por causa dos torneios de futebol de Kevin, embora não tivesse se importado. Eram os primeiros jogos de futebol a que assistia, e deu por si envolvido naquilo mais do que esperara.

- Como é possível que não estejas tão entusiasmada quanto eu? - perguntava ele a Kate durante um momento particularmente frenético no campo.

- Porque não esperas até teres visto algumas centenas de jogos, e então tenho certeza que poderás responder à tua pergunta - replicara ela em tom de brincadeira.

Quando estavam juntos durante esses fins-de-semana, era como se nada mais tivesse importância no mundo. Normalmente Kevin passava uma das noites na casa de um amigo para que eles ficassem sozinhos, pelo menos durante um período de tempo. Passavam horas conversando e rindo, abraçados um ao outro, e fazendo amor, tentando compensar as semanas que passavam longe um do outro. No entanto nenhum dos dois abordou o assunto sobre o que iria acontecer à sua relação no futuro. Viviam momento a momento, sem que soubessem muito bem o que esperar um do outro. Não que não estivessem apaixonados. Disso, pelo menos, eles tinham certeza.

Mas porque não se viam muitas vezes, a sua relação tinha mais altos e baixos do que haviam experimentado em situações anteriores. E porque tudo parecia correr bem quando estavam juntos, tudo parecia mal quando não estavam. Jack, especialmente, tinha sérias dificuldades em suportar a distância entre eles. Normalmente os bons sentimentos que tinha quando estavam juntos mantinham-se durante alguns dias, mas depois dava por si a ficar deprimido quando começava a pensar nas semanas que faltavam até poder vê-la de novo.

Claro, ele queria que eles passassem mais tempo juntos do que aquilo que era possível. Agora que o verão tinha passado, era mais fácil ele ir ate ela não havia muito que fazer na loja. Mas a agenda de Kate era completamente diferente, se não por mais nada, por causa de Kevin. Ele estava novamente na escola, tinha torneios aos fins-de-semana, e era difícil para ela deixar Chicago, mesmo que por poucos dias. Embora Jack estivesse disposto a visitar Chicago para ficar com ela mais vezes, Kate simplesmente não tinha tempo disponível. Mais de uma vez ele sugerira outra viagem a Chicago para vê-la, mas por uma razão ou por outra, tal não fora possível.

Ele sabia que a distância entre eles era um problema, mas parecia que isso não ia mudar num futuro próximo. Na sua opinião, havia apenas duas soluções - ele podia mudar-se, ou ela podia mudar-se. Por mais voltas que desse ao assunto - e por mais que eles gostassem um do outro - acabariam sempre por ter de escolher uma dessas duas soluções.

Lá no fundo, ele suspeitava que Kate tinha os mesmos pensamentos, sendo essa a razão por que nenhum deles queria falar no assunto. Parecia mais fácil não introduzir a questão, uma vez que isso significaria entrarem num rumo que nenhum deles tinha a certeza de que queria seguir.

Um deles teria de alterar o seu modo de vida dramaticamente.

Mas qual?

Ele tinha o seu próprio negócio em Wilmington, o tipo de vida que queria viver, a única vida que sabia viver. Chicago era agradável de se visitar, mas não era a sua terra. Ele nunca sequer contemplara a hipótese de viver noutro lugar, E depois havia o pai. Estava ficando velho, e apesar da aparência forte, a idade fazia sentir os seus efeitos e Jack era tudo o que ele tinha.

Por outro lado, Kate estava muito ligada a Chicago. Kevin estava numa escola de que gostava, e ela tinha uma carreira promissora num jornal importante e uma rede de amigos que teria de deixar. Tinha trabalhado muito para chegar onde chegara, e se deixasse Chicago, teria provavelmente de desistir da sua carreira. Seria ela capaz de fazê-lo sem ficar ressentida com ele pelo que ele a obrigara a fazer?

Jack não queria pensar no assunto. Em vez disso concentrava-se no fato de que amava Kate, agarrando-se à convicção de que se eles estavam destinados um para o outro, então encontrariam uma maneira de resolver o problema.

Lá no fundo, porém, sabia que não ia ser assim tão fácil, e não apenas por causa da distância entre eles. Depois de ter regressado da sua segunda viagem a Chicago, mandou ampliar e emoldurar uma foto de Kate. Colocou-a na mesa de cabeceira ao lado da foto de Sarah, mas apesar dos seus sentimentos por Kate, a foto dela parecia deslocada no seu quarto. Alguns dias mais tarde ele mudou-a para o outro lado do quarto, mas isso não ajudou. Onde quer que a colocasse, parecia que os olhos de Sarah a seguiam. Isto é ridículo, disse para consigo depois de a ter mudado mais uma vez. No entanto deu por si finalmente a enfiar a foto de Kate na gaveta e a pegar a de Sarah. Suspirando, sentou-se na cama e segurou-a à sua frente.

- Nós não tínhamos estes problemas - murmurou ele enquanto passava o dedo pela imagem dela. - Conosco, parecia sempre tudo tão fácil, não era?

Quando ele percebeu que a fotografia não respondia, amaldiçoou a sua estupidez e buscou de novo a fotografia de Kate.

Olhando para ambas, mesmo ele percebia porque estava tendo problemas com tudo aquilo. Amava Kate mais do que alguma vez pensara que poderia amar... mas ainda amava Sarah...

Era possível amar as duas ao mesmo tempo?



CONTINUA...

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