sábado, 3 de maio de 2008

As Palavras que Nunca Te Direi - Cap 12 Parte 1

Capitulo 12 - Parte 1




Kevin acordou cedo na manhã seguinte e abriu as cortinas, deixando a luz do sol inundar o quarto. Kate apertou os olhos e virou-se para o lado, tentando descansar mais alguns minutos, mas Kevin era persistente.


- Mãe, tens que fazer o teste antes de irmos - disse ele excitado.

Kate resmungou. Voltando-se, olhou para o relógio. Pouco passava das seis horas. Estava na cama havia menos de cinco horas.

- É muito cedo - disse ela, fechando de novo os olhos. Me da mais alguns minutos, querido?

- Não temos tempo - disse ele, sentando-se na cama dela e cutucando levemente o seu ombro. - Nem sequer leste a primeira seção.

- Acabaste tudo ontem à noite?

- Acabei - disse ele. - O meu teste está ali, mas não copie, está bem? Não quero arranjar problemas.

- Acho que não irias arranjar problemas - disse ela meio sonolenta. - Conhecemos o professor, sabes.

- Mas não seria justo. E de qualquer maneira tens de aprender esta matéria, como disse o Sr. Shepard... quer dizer o Jack, se não podes ter problemas.

- Está bem, está bem - disse ela, sentando-se lentamente. Esfregou os olhos. - Há café instantâneo no banheiro?

- Não vi nenhum, mas se quiseres, corro até ao fundo do corredor e te trago uma Coca-Cola.

- Tenho alguns trocos na minha carteira...

Kevin saltou da cama e começou a vasculhar a bolsa da mãe. Depois de encontrar algumas moedas, saiu pela porta da frente, com o cabelo ainda despenteado do sono. Ouviu ressoar os passos dele ao longo do corredor. Depois de se levantar e espreguicar-se, dirigiu-se a pequena mesa. Pegou no livro e estava começando a ler o primeiro capítulo quando ele voltou com duas Coca-Colas.

- Aqui está - disse ele, colocando uma sobre a mesa ao lado dela. - Vou tomar banho e preparar-me. Onde puseste o meu calcao de banho?

Ah, a energia infindável da infância, pensou ela.

- Está na gaveta de cima, ao lado das tuas meias.

- Está bem - disse ele, abrindo a gaveta -, já vi. - Foi para o banho e Kate ouviu-o abrir o chuveiro. Abrindo a sua Coca-Cola, voltou para o livro.

Felizmente Jack estivera certo quando lhe dissera que não era difícil. O livro era de leitura fácil, com imagens descrevendo o equipamento, e quando Kevin acabou de se vestir já ela tinha terminado. Depois de encontrar o seu teste, colocou-o à sua frente. Kevin aproximou-se e por trás da mãe observava. Lembrando-se do lugar onde lera sobre o assunto, começou a folhear o livro para trás até chegar à devida página.

- Mãe, essa é fácil. Não precisas do livro para essa.

- às seis da manhã, preciso de toda a ajuda que conseguir - resmungou ela, não se sentindo minimamente culpada. Jack tinha dito que ela poderia usar o livro, não tinha?

Kevin continuou a espreitar por cima do seu ombro enquanto ela respondia às primeiras perguntas, comentando. "Não, estás vendo no lugar errado", ou, "Tens certeza que leste os capítulos?" até ela finalmente dizer para ele ir ver televisão.

- Mas não tem nada bom - disse ele, desanimado.

- Então lê qualquer coisa.

- Não trouxe nada.

- Então fica quieto e calado.

- Mas eu estou.

- Não, não estás nada. Estás debruçado sobre o meu ombro.

- Estou só tentando ajudar.

- Senta-te na cama, está bem? E não digas nada.

E ficou, durante dois minutos. Depois começou a assobiar. Ela pousou a caneta e olhou para ele.

- Porque estás a assobiar?

- Não tenho nada que fazer.

- Então liga a televisão.

- Não tem nada...

E assim foi até ela finalmente ter terminado. Levara quase uma hora para fazer uma coisa que poderia ter feito em metade do tempo no escritório. Tomou uma ducha quente e vestiu-se, pondo o biquini por baixo da roupa. Kevin, já esfomeado, queria ir ao McDonald's de novo, mas ela impôs-se e sugeriu que fossem tomar o cafe na Waffles house do outro lado da rua.

- Mas eu não gosto da comida deles.

- Nunca comeste antes.

- Eu sei.

- Então como é que sabes que não gostas?

- Sei.

- És omnisciente?

- O que é que isso quer dizer?

- Quer dizer, meu rapaz, que vamos comer onde eu quero, para variar.

- Sério?

- Sim - disse ela, ansiando por uma xicara de café como há muito tempo não acontecia.

Jack bateu à porta do quarto do motel às nove em ponto, e Kevin correu a abri-la.

- Estão prontos? - perguntou ele.

- Se estamos - respondeu Kevin rapidamente. - O meu teste está ali. Vou já buscá-lo para o ver.
Correu até à mesa enquanto Kate se levantava da cama e cumprimentava Jack com um beijo rápido.

- Como foi a manhã? - perguntou ele.

- Parece que já é de tarde. O Kevin me levantou de madrugada para fazer o teste.

Jack sorriu enquanto Kevin voltava com o seu teste.

- Aqui está, Sr. Shepard. Jack, quero dizer.

Jack pegou no teste e começou a verificar as respostas.

- A minha mãe teve alguns problemas com duas perguntas mas eu ajudei-a - continuou Kevin, e Kate girou os olhos. - Estás pronta, mãe?

- Quando estiveres - disse ela, pegando a chave do quarto e a bolsa.

- Então vamos - disse Kevin, seguindo à frente pelo corredor em direção ao carro de Jack.

Durante toda a manhã e princípio da tarde, Jack ensinou-lhes as noções básicas do mergulho. Aprenderam como o equipamento funcionava, a vesti-lo e a testá-lo, e finalmente como respirar através do bocal, primeiro ao lado da piscina, depois debaixo d'água.

- A coisa mais importante de que se devem lembrar - explicou Jack -, é respirar normalmente.

Enquanto Kevin tinha os olhos vidrados em Jack absorvendo cada palavra. Kate parecia viajar. Seus olhos contemplavam os movimentos do homem a sua frente, os musculos, o rosto sereno, tudo nele era incrivel. Nao podia negar que a cada minuto sentia-se mais envolvida por ele como nunca estivera antes com ninguem.

- Isto é fácil - disse ele a Jack. - Acho que estarei pronto para o mar esta tarde.

- Tenho certeza de que estarias, mas ainda assim temos de fazer as lições na ordem apropriada.

- Como vai a mamãe?

- Bem.

- Tão bem quanto eu?

- Vão ambos muito bem - disse ele, e Kevin aplicou de novo o bocal. Voltou para debaixo de água ao mesmo tempo que Kate emergia e tirava o seu bocal.

- Sinto uma coisa esquisita quando respiro - disse ela.

- Estás indo muito bem. Descontrai-te e respira normalmente.

- Isso foi o que disseste da última vez que vim para cima me engasgando.

- As regras não mudaram nos últimos minutos, Kate.

- Eu sei. Estava só pensando se não teria alguma coisa errada com a minha garrafa.

- A garrafa está ótima. Eu verifiquei-a duas vezes esta manhã.

- Mas não és tu que estás usando certo?

- Queres que a experimente?

- Não - resmungou ela, franzindo o senho em frustração, - eu me viro. - E foi de novo para debaixo d'água.

Depois de algumas horas na água, tanto Kevin como Kate estavam cansados. Foram almoçar, e mais uma vez Jack contou as suas histórias de mergulho, desta vez para Kevin. Este fez o que pareceu serem uma centena de perguntas. Jack respondeu a cada uma com paciência, e Kate ficou aliviada por ver que eles se davam tão bem.

Depois de passarem pelo motel para irem buscar o livro e as lições do dia seguinte, Jack levou os dois para sua casa. Embora Kevin tivesse planejado começar imediatamente os capítulos seguintes, o fato de Jack viver perto da praia alterou tudo. Encontrando-se na sala e olhando para o mar, perguntou:

- Posso ir até à praia, mãe?

- Acho que não - disse ela delicadamente. - Passamos o dia inteiro na piscina.

- Ah, mãe... por favor? Não tens de ir comigo, podes me ver da varanda. - Ela hesitou, e Kevin sabia que a tinha convencido. - Por favor - disse ele de novo, oferecendo-lhe o seu sorriso mais sincero.

- Está bem, podes ir. Mas não vás muito para o fundo, está bem?

- Não vou, prometo - disse ele entusiasmado. Depois de agarrar na toalha que Jack lhe entregou, correu até à água. Jack e Kate sentaram-se na varanda e observaram-no enquanto ele começava a chapinhar na água.

- Ele é um bom rapaz - disse Jack baixinho.

- Pois é - disse ela. - E acho que gosta de ti. No almoço quando foste ao banheiro, ele disse que tu eras legal.

Jack sorriu.

- Fico contente. Também gosto dele. É um dos melhores estudantes que já tive.

- Estás dizendo isso só para me agradar.

- Não, não estou. É mesmo. Conheço muitos jovens nas minhas aulas, e ele é muito maduro e fala muito bem para a sua idade. E é simpático também. Hoje em dia a maioria dos jovens é muito mimada, mas não acho que ele seja.

- Obrigada.

- Estou falando sério, Kate. Depois de ouvir as tuas preocupações, não sabia o que esperar. Mas ele é mesmo um rapaz fantástico. Educaste-o muito bem.

Ela pegou na mão dele e beijou-a suavemente. Disse baixinho:

- É muito importante para mim ouvir-te dizer isso. Não conheci muitos homens que quisessem falar sobre ele, muito menos passar tempo com ele.

- Então foram eles que perderam.

Ela sorriu.

- Como é que tu sabes sempre exatamente o que dizer para me fazer sentir bem?

- Talvez seja porque tu fazes sobressair o que há de melhor em mim.

- Talvez.



CONTINUA...

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