quarta-feira, 9 de julho de 2008

As Palavras que Nunca Te Direi - Cap 24


Esse capitulo merece trilha sonora ...

http://www.radioblogclub.com/open/145766/amy_winehouse/Amy_Winehouse_-_Wake_up_alone


Capitulo 24




Ao voltar a Chicago, Kate apanharia Kevin a caminho de casa. Kevin, que passara o dia na casa de um amigo, contou entusiasmado o filme que tinha visto, não percebendo que a mãe mal o ouvia. Quando chegaram em casa ela encomendou uma pizza, e comeram na sala com a televisão ligada.




Quando acabaram, ela surpreendeu Kevin ao convidá-lo para ficar com ela durante um bocado em vez de ir fazer os seus trabalhos de casa. Encostado sossegadamente contra ela no sofá, Kevin lançava-lhe de vez em quando um olhar ansioso, mas ela afagava-lhe simplesmente o cabelo e sorria para ele com um ar ausente, como se estivesse muito longe dali.


Mais tarde, depois de Kevin ter ido deitar e dela saber que ele já dormia, vestiu um pijama macio e serviu-se de um copo de vinho. Ao voltar ao quarto, desligou o telefone.


Na segunda-feira teve um longo almoço com Penny e contou-lhe tudo o que acontecera. Tentou parecer forte. No entanto Penny segurou-lhe a mão o tempo todo, escutando pensativamente e mal falando.


- É melhor assim - disse Kate resolutamente quando terminou. - Fico bem assim. - Penny olhou para ela, os seus olhos cheios de compaixão. Mas não disse nada, apenas acenando com a cabeça às corajosas afirmações de Kate.


Durante os dias seguintes Kate fez o possível para evitar pensar nele. Trabalhar na sua coluna consolava-a. Concentrar-se na pesquisa e vertê-la em palavras ocupava toda a sua energia mental. O ambiente agitado da redação também ajudava, e porque a reunião com Dan Mandel correra tão bem quanto Penny havia prometido, Kate abordou o seu trabalho com entusiasmo redobrado, preparando duas ou três colunas por dia, mais depressa do que alguma vez escrevera.


à noite, porém, depois de Kevin ir para a cama e ela ficar sozinha, achava difícil manter longe a imagem dele. Copiando os seus hábitos de escritório, Kate tentava concentrar-se noutras tarefas.




Limpou a casa de cima a baixo durante as primeiras noites - esfregando o chão, limpando a geladeira, aspirando e limpando o pó do apartamento e reorganizando os armários. Nada foi deixado intato. Fez até uma limpeza às suas gavetas, procedendo a uma escolha de roupa que já não vestia mais, com a intenção de doar. Depois de as encaixotar, levou as roupas para o carro e arrumou-as no porta-malas.




Naquela noite ela deu várias voltas ao apartamento, à procura de alguma coisa mais - qualquer coisa - que precisasse ser feita. Por fim, percebendo que tinha terminado o seu trabalho, mas ainda incapaz de dormir, ligou a televisão.




Saltando de canal em canal, parou quando viu Faith Hill ser entrevistada no programa Tonight. Kate sempre gostara da sua música, mas quando Faith mais tarde se dirigiu ao microfone para cantar uma balada sentimental, Kate começou a chorar. Não parou durante quase uma hora.


Todas as noites, era comum a rotina de Kate depois que o filho adormecia. Vinho, televisao ou computador ligados sem qualquer atencao devotada a eles e lagrimas, rios de lagrimas. Ela sofria calada, sozinha.


Naquele fim-de-semana ela e Kevin foram ver os New England Patriots jogar com os Chicago Bears. Kevin tinha a pressionado para irem desde que a temporada do futebol terminara, e ela concordou finalmente em levá-lo, embora entendesse pouco do jogo. Sentaram-se nas bancadas, respirando em pequenas baforadas, bebendo chocolate quente e torcendo pela equipe da casa.


Mais tarde, quando foram jantar, Kate, com relutância, contou a Kevin que ela e Jack não voltariam a se ver.


- Mãe, aconteceu alguma coisa quando foste ver Jack da última vez? Ele fez alguma coisa que te deixou zangada?


- Não - disse ela baixinho -, não fez nada. - Ela hesitou antes de desviar o olhar. - Simplesmente não tinha de ser.


Embora Kevin parecesse nitidamente perplexo com aquela resposta, era o mais longe que ela podia ir naquele momento na explicação do que acontecera.




Fazia dois meses que ela nao tinha nenhum contato com Jack. Isso porem, nao implicava dizer que nao pensasse nele.




A verdade era que por mais que ela tentasse deixar tudo o que aconteceu no passado, era uma tarefa impossivel. Ela jogara-se de cabeca no trabalho e fizera um progresso maravilhoso na sua carreira.




Tinha sua coluna publicava em muitos jornais importantes do pais mas sempre que ela voltava para casa depois de um dia agitado de trabalho, encontrava a boa e velha solidao a seu dispor.




Ficou dificil evitar a companhia de pelo menos duas a tres tacas de vinho para dispersar a mente que pregava as piores pecas a ela. Sempre se perguntava se Jack estava sofrendo como ela, se estava bem, se tinha feito a escolha certa.


As respostas? Kate nao sabia ao certo. Ele nao telefonara nem uma vez. Para ela, a lembranca estava proxima a uma grande ilusao, a um desejo infantil, a vontade de viver uma bela historia de amor. Exceto por ainda sentir o efeito do beijo dele, o calor do corpo, as maos grandes e ageis, mesmo que seja puro fruto da sua mente.


Mas a voz...disso ela podia gabar-se ser totalmente real porque em um dos seus momentos de solidao, Kate ligou para a loja apenas para ouvi-lo mais uma vez. A vontade tornou-se pelo menos tres vezes real. Era tudo que restava do seu conto de fadas pessoal.







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Durante as semanas seguintes da partida de Kate, Jack atravessou um periodo negro. Era como se ele tivesse morrido pro mundo. Jack pensava que ele ja tinha atingido o fundo do poco quando ele perdeu Sarah, estava enganado.



A ausencia de Kate, o fim do relacionamento com ela foi desastroso para ele e o que tornava a situacao pior era o fato dele ter que admitir para si mesmo que Kate tornara-se mais importante que tudo na sua vida.



A verdade o atingiu tao fortemente que a culpa passou a consumi-lo a cada dia e ele realmente nao sabia como lidar com isso, para ele nao havia volta, ou havia?


Como ele fora capaz de jogar fora a melhor oportunidade que a vida lhe dera? Porque foi tao duro com ela? A unica coisa que tinha em mente era o fato de nao haver desculpas para procura-la novamente. Kate nao iria querer nem mesmo olhar para ele , imagina ouvir qualquer coisa que ele tenha a dizer.


Tentou trabalhar mas a loja nao tinha nenhum atrativo para ele. As aulas de mergulho eram a unica coisa que ainda o mantinha longe dos seus pensamentos e de Kate.




Passados dois meses, ele estava seguindo em frente do jeito que somente ele sabia fazer, fechando-se para o mundo.


Uma noite, Jack estava sentado na varanda da casa observando as ondas darem a praia. Tinha um copo de vinho nas maos. O mesmo vinho que ela trouxera uma das vezes que viera jantar com ele.




A lua nova estava linda naquela noite. Enquanto observava o ceu, o vento marinho parecia trazer aquela voz suave que por varias vezes sussurrou doces palavras no seu ouvido.




Jack fechou os olhos, quase podia ouvi-la dizer: "Eu te amo,Jack...always".




Uma lagrima percorreu-lhe o rosto e finalmente a luta travada contra ele mesmo parecia chegar ao fim. Como que atingido por um trovao, ele decidiu apostar todas as suas fichas em busca da propria felicidade.




Iria reconquista-la usando aquilo que a fez querer conhece-lo da primeira vez, pela unica maneira que ele sempre soube.




Escrevendo cartas.






CONTINUA...

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